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Chana de Moura

A Ciência Anterior

Desde do seu começo, a fotografia viria a estar umbilicalmente ligada à intenção da viagem. Também nesse sentido umbilical a viagem viria a estar coercivamente ligada à criação das primeiras colecções e colecionadores, colectores e curiosidades. Na prática de Chana de Moura (Brasil, 1989) o princípio da viagem estabelece-se numa constante homologamente invertida. O lugar do presente e o lugar do real tornam-se permeáveis às magnitudes potenciais dos lugares do passado, do futuro e da especulação. Existe uma verdade da mentira em cada uma das imagens apresentadas neste corpo-instalação — das fotografias, aos documentos até ao filme consumado —somos coagidos diante de uma fina premissa que nos desloca animicamente, geograficamente e temporalmente para um lugar sem referência. É no silêncio do lugar destas imagens, a-geográficos e a-temporais, que Chana de Moura constrói a deriva das suas narrativas, numa intenção de revelar um sentido arqueológico dentro de uma possibilidade ficcional. Todavia a apropriação do real para a criação de lugares fictícios, não denunciam a intenção deste seu modo de operar num lugar cuja o foco é sobretudo o de questionar o mundo no estado presente e nas suas transições e adaptações reais.

O projeto que Chana de Moura apresenta agora no Espaço MIRA em contexto da CI.CLO Bienal de Fotografia do Porto, concebe-se assim como corpo sumário - não sintetizado - de uma narrativa que a artista tem desenvolvido, em múltiplas direcções e circunstâncias, de forma contínua ao longo do seu percurso.

Em último reduto surge uma análise: o anterior como sobrevivência, o passado como resgate do futuro.


Texto de João Terras