Curadoria Virgílio Ferreira
Cada época pode ser caracterizada pela forma como são geridas as expectativas e medos coletivos. Ao longo dos últimos 50 anos, abriu-se caminho a uma sociedade de comunicação; desde então começaram a surgir os primeiros medos e preocupações relacionadas com mudanças ambientais e ecológicas. Hoje, a questão coloca-se já em termos de risco iminente, num contexto de emergência que, acompanhando Donna Haraway, se sintetiza na interrogação: Como viver melhor num planeta vulnerável que ainda não está morto?
Adaptação e Transição é uma exposição que resulta do programa de criação artística desenvolvido no âmbito da Ci.CLO Bienal Fotografia do Porto. A proposta curatorial pretende contribuir para o debate sócio-ecológico no domínio da cultura visual, apoiada na urgência de se desenvolverem novas formas de relacionamento humanos-natureza, que suportem a estabilidade do meio ambiente e da biodiversidade.
De que forma mobilizações artísticas como esta podem operar nesta conjuntura de grandes contradições, desafiando a necessidade emergente de políticas e ações que questionem as estruturas da governação global, que continuam a promover estratégias ecologicamente insustentáveis? Como diagnosticar esta “crise do nosso tempo” para além do pessimismo que tem caracterizado este estado de passividade global? Qual é a “response-ability” que queremos incentivar neste contexto de emergência?
Para se continuar esta caminhada evolucionária de Adaptação, é preciso desenvolver novas relações equilibradas entre espécies, que determinem a sobrevivência e estabilidade do planeta; neste processo de Transição é urgente implementarem-se estratégias mais eficazes de renovação social e ambiental. Estas tarefas que nos implicam a todos, exigem re-imaginar outros modelos colaborativos e apoiar re-orientações perceptuais abertas a outras formas de sentir.
Este grupo de artistas com distintas formações revelam-nos diferentes perspectivas na abordagem das questões ecológicas, sejam espirituais, sociais ou políticas. As diversas instalações site-specific, distribuídas pelos jardins e pela capela Carlos Alberto, estão entrelaçadas e envolvem fotografia, som e vídeo, com objetos diversos e plantas, formando um campo estético rizomático de figuras adaptadas e em transição. A experiência que se pretende atingir não tenciona ser ideal nem definitiva, mas apenas um convite a estabelecer outros níveis de interconectividade, novas possibilidades de significado que se mantém, naturalmente, em aberto.
JARDINS PALÁCIO DE CRISTAL
Rua de D. Manuel II, 4050-346 Porto
+351 225 320 080
todos os dias das 8h - 21h
Jayne Dyer
Lisa Hoffmann
Diogo Bento
Cláudio Reis
Sérgio Leitão
Constanze Flamme
Maria Oliveira
João Gigante
Rita Castro Neves & Daniel Moreira